O famoso enólogo consultor Stephan Derenoncourt, que presta serviços em Bordeaux para châteaux como Talbot, Prieuré-Lichine, Smith Haut Lafitte, Clos Fourtet e Pavie-Macquin, agitou o início da campanha “en primeur” deste ano, ao descrever com muita sinceridade, os métodos que utiliza para vinificar separadamente as amostras dos vinhos que serão oferecidos para avaliação naquela semana especial.
Derenoncourt literalmente jogou “vinagre no ventilador”, ao explicar como os vinhos são preparados. “Nós reservamos um pequeno lote de cada parcela distinta e os preparamos de maneira especial para acelerar sua maturação. Eles são colocados mais cedo nas barricas, possibilitando uma maior integração com a madeira, como se fossem vinhos mais evoluídos. Em resumo, eles são representativos da safra em questão, mas são especialmente preparados para a campanha “en primeur.”
Dois anos atrás, em virtude dessas suspeitas, e quando o mercado de vinhos em Bordeaux estava muito mais dinâmico, a crítica britânica Jancis Robinson já havia alertado seus pares para “segurar” suas pontuações até que os preços tivessem sido estabelecidos, como acontece na Borgonha, cuja degustação “en primeur” ocorre mais de um ano depois da época da colheita.
Sem nenhuma mudança no sistema, Robinson diz ter sérias preocupações sobre essa questão das amostras dos vinhos tintos de Bordeaux testadas apenas alguns meses depois da vinificação. É altamente questionável que alguns enólogos possam “turbinar” suas amostras para mostrar “en primeur”, enquanto outros mais conscienciosos, não o façam. “Nós não somos capazes de compará-los de igual para igual “, disse ela.
Fonte: The db